quinta-feira, 4 de novembro de 2010

ao sabor do vento

caminho devagar pelos picos da minha agitação
procurando-lhe os contornos que me fazem prisioneiro do que não compreendo e tento explicar
substituo a reflexão empolgante pela observação paciente
retiro-me do espaço que me separa do que me rodeia
e deixo que a realidade me devolva a visão perdida nas certezas em que me estilhacei ao longo dos anos

esgoto-me na luta de que não fujo e não quero
e quando me preparo para mais uma rendição que me fará só num qualquer canto escuro de mim
forma-se na pose acidental de uma criança distante no registo de um olhar do acaso
o encontro com o que me faz grande com o resto dos homens que se atreveram a acordar…

navego por mais uma deliciosa planície de tranquilas e convidativas sombras que me abrigam na jornada que ainda me espera…
respiro fundo o êxtase que me invade os sentidos para além dos sentidos a que me habituei…
e deixo-me acontecer ao sabor do vento